Os números não me esquecem.
O zero,
diferente de um que não tem gordura,
quer se passar por invisível.
Por isso, sua forma oca.
A boca aberta para o tempo.
A natureza de furo
e vazio,
um oh de espanto
ou um bocejo do tempo
que não passa.
O pior dos números
não é me puxar pela memória.
O pior dos números
é inverter a aritmética,
tornar o que é um dois
e o que é dois um,
logo dois braços pouco somam,
duas pernas diminuem
o ritmo dos metros.
O trapézio dos olhos
lança o corpo móbile da gravidade.
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