Todo homem é seu veículo.
Um veículo de duas pernas.
Os pneus de passos,
a alavanca dos braços
e a estrada dos pés.
Um homem em pé
é sempre um belvedere.
A matéria, que é bípede,
luta com o pensamento réptil.
Gosto das estradas que têm desvios
e me pergunto se enveredei
para uma marginal que tem mãos duplas
que mais freiam que ofertam.
Meus olhos têm o vício do radar.
Não quero viver uma vida cheia de placas
a limitar a velocidade do pensamento.
A vida é sempre pulsante
a 80 batidas por minuto.
Toda origem se alimenta do fim de algo morto.
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