segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Formigas voadoras, poema

 


 


 

 

 

Em agosto,

as formigas com asas me aniversariam.

Voam meus anos.

Invadem meu fabulatório.

(Os escritórios

são lugares de escrita inorgânica.

Chamo meu escritório de fabulatório)

Minhas ideias formigam.

As fábulas voejam

em torno do olho de vidro da lâmpada.

 

Se a imaginação

é uma lâmpada acesa,

pode ser que as ideias,

despudoradas,

sem a vestimenta da asa,

rastejem a nudez do prosaico.

 

As horas rodopiam

em volta da luz

e os anos têm pés gordos.

Só a vida tem a eternidade do minuto.

 

 

 

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