Em agosto,
as formigas com asas me aniversariam.
Voam meus anos.
Invadem meu fabulatório.
(Os escritórios
são lugares de escrita inorgânica.
Chamo meu escritório de fabulatório)
Minhas ideias formigam.
As fábulas voejam
em torno do olho de vidro da lâmpada.
Se a imaginação
é uma lâmpada acesa,
pode ser que as ideias,
despudoradas,
sem a vestimenta da asa,
rastejem a nudez do prosaico.
As horas rodopiam
em volta da luz
e os anos têm pés gordos.
Só a vida tem a eternidade do minuto.
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