De que prata
são feitos os peixes?
Eles me olham
no aquário do meu quarto.
Raramente vou à superfície.
Estou acostumado
aos obstáculos que me ponho
para me sentir no meu habitat.
De vez em quando
olho pelo vidro da janela
e o grande oceonário da cidade
entra em bulício.
Há muitas espécies
de gente e outras naturezas:
o abismo dos prédios.
Borbulho muitas imaginações
e escrevo no caderno das horas.
Tudo é fluido e submerso.
Não sei se sou
de escama ou de couro,
se marítimo ou fluvial.
Tudo o que tenho é a dúvida
se há mundo além do meu quarto.
Se falam a minha linguagem piscosa,
se emitem algum som
além de gemidos da espécie.
E se lhes falta ar ao ar livre.
Ou melhor, se lhes faltam guelras
ao ar dito livre das cidades.
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