No gramado da folha em branco,
formiguinhas levam em suas costas
a trilha de letras.
De vez em quando, assustadas,
desviam-se de sua rota
e não se consegue ler mais nada.
Que trabalho estafante
tinha antigamente o tipógrafo
– que guardava seu formigueiro
numa caixa –
para colocar
cada formiga de chumbo em seu lugar.
Meu grande problema
é que de repente as formigas
invadam meu cérebro,
desarrumem os verbos em pânico,
os substantivos rodem em círculo
e os adjetivos
maltratem minha alma pequena.
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