Há
muito de migrante
em
minha roupa;
os
paletós de cinzas
e
os sapatos da inquietude.
Tudo
me move e imobiliza;
navios
negreiros da infâmia
me
embarcam na manhã nublada.
Recuso
o passaporte
da
terra seca da ambulância;
difícil
sonhar em outra língua
quando
o exílio invade
a
temperatura do presente.
Dois
rios que não se misturam
(como
o Negro e o Solimões)
formam
a fronteira
do
meu desterro.
Escrevo
em língua madrasta
e
meu destino passa a ser
um
trem que não para em estação alguma.
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