nos fios que me tecem
nenhum leva à meada
e a lua dos olhos
não flutua na órbita
apagada no eclipse
das pálpebras
roda sem centro
e centro sem periferia
amadurecimento de fruta
que nunca foi verde:
ver blandícia
na dureza da pedra
e aspereza
na superfície lisa da calma
tudo o que se vê engana
o barulho
do salto
no taco oco
quando não há taco
nem salto
a tristeza profunda
é água que mina
mas não banha
umedece somente para
por imobilidade
e presença
amolecer
e esfriar,
até as cordas dos nervos
puírem
e cederem ao peso
da sombra
que nenhuma luz projeta
(do livro Andarilho, 2000)
imagem retirada da internet: solitude
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