Os pesadelos se dividem
em pesadelos de água doce
e pesadelos de água salgada.
A correnteza tem músculos de água
e a gente tem de fazer
queda de braço com os dias volumosos.
Os pesadelos de correnteza doce
são amamentados pelo leito
contido das margens ordinárias.
O liquidificador das perdas
dá de mamar aos redemoinhos.
As correntezas que nos levam
às margens amargas
fazem do nosso corpo
barcos verticais.
Por isso andamos asfixiados
pela vida afora à deriva,
na correnteza dos dias,
um outro rio dentro do rio.
(do livro O difícil exercício das cinzas. Rio: 7Letras, 2014)
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