Não sei o que faço
para prender em mim
o coração que me escapa
entre as grades da razão
e se aloja no cérebro
lá onde não há trave ou ferro
que prenda ideia ou sentimento.
Mas sei também que meu coração
é um redemoinho que não pode fugir
de si próprio e por isso gira,
condenado, preso em sua água redonda,
até o cárcere do tempo
abrir a cela das dores
e deixar cativo
o coração fugitivo
que de si não pode fugir.
(do livro Memória dos porcos. Rio, 7Letras, 2012)
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