Teu cheiro holográfico
põe corpo onde não estás
e faz que apareças
de cheiro inteiro
no ar que respiro.
Esse cheiro de jasmim
que jaz em ti
é o cheiro de fêmea
enjaulada em teu vestido,
domada pelo tecido
apertado da tua pele em flor
no baile de máscaras
dos nossos encontros eletrônicos.
Se persiste o cheiro
é porque não cheira mais
nas narinas, entra pela memória
e lá exala o perfume do verbo
que te floresce a cada palavra.
Tens o cheiro primevo
da fêmea inaugural,
tens o cheiro, sim, de fruta
que os poetas já cantaram,
tanta que se come lambuzado.
Tens o cheiro dos sete pecados capitais.
Tens o cheiro do vício
que é o cheiro do quero mais.
(foto:vivian maier)
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