a patente do medo, a geringonça
movendo as vísceras dentadas,
a fábrica de desacertos mostra o intestino,
manufatura de mercadoria e dejeto,
o lodo e o pêndulo como destino.
Eis o lodo, barro inútil para fazer gente,
massa fecunda para fabricar o desengano.
Agora a outra prensa do nada:
o pêndulo: que é o mesmo e seu avesso,
ora num lugar, ora em outro,
sem nunca sair de onde está;
preso de si, são dois em um,
um que se faz dois,
para iludir a salmoura da matéria.
(do livro Eterno Passageiro, Ed. Varanda, Brasília, 2004)
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