não tem desenho
que o oriente,
logo o marceneiro
que lhe dá forma
se surpreende
com a planta inexata.
A arte das formas,
na marcenaria da razão
ou na carpintaria das aspirações,
está sujeita à imprevisível
serra que tudo desmonta.
Aqui o mundo consente
a oficina mais cruel:
a que dá a ilusória
certeza de coisa imperecível,
desconhecendo que ao nascer
já traz em seu bojo
o cupim das horas,
a madeira servil de existir,
a imobilidade das coisas,
ilusão de quem se sente
seguro num mundo de formas fixas.
(O difícil exercício das cinzas, 2014)
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