quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Um homem é muito pouco, Euler Belém


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Intercalando com outras leituras, como livros de John Gray e “O Sonho do Celta”, de Mario Vargas Llosa, leio, com imenso prazer, o romance “Um Homem É Muito Pouco” (Nankin Editorial), de Ronaldo Costa Fernandes. Fico a pensar: por que um romance tão bem escrito, tão bem arquitetado, com linguagem e história bem conectadas, sem arestas visíveis, o que indica o prosador maduro (o uso da linguagem modernista é tranquilo, sem pedanteria, sem as pegadas de praxe, para gradar o leitor que procura o óbvio, as firulas elaboradas), em alta forma, não merece resenhas críticas nos principais jornais do país?
Não que Costa Fernandes seja desconhecido, mas a crítica de jornal parece voltada para qualquer lançamento de escritor de outro país — não importa a qualidade. (E não estou propondo nenhuma xenofobia.) Há pouco tempo, fiz um levantamento preliminar (estou terminando as anotações) sobre as resenhas da “Veja” durante todo o ano de 2010 e fiquei impressionado: parece que não há uma literatura brasileira. Livros de baixa qualidade, mas publicados no exterior, sobretudo nos Estados Unidos, merecem páginas e páginas na revista. Para disfarçar, sobretudo porque ampliou o espaço para reportagens e comentários sobre novelas — a TV Globo se tornou anunciante nas páginas da publicação de Roberto Civita —, a “Veja” publica notas sobre livros numa coluna de lançamentos. O último romance de Orhan Pamuk, pelo qual não nutro entusiasmo, exceto como crítico literário (talvez sua verdadeira vocação), mereceu uma nota na “Veja” e uma resenha adequada na “Época”, assinada por Luís Antônio Giron.
Sugiro aos leitores: leiam o romance de Ronaldo Costa Fernandes e, depois, me digam o que acharam. A história pode parecer intrincada, à primeira vista, mas a narrativa cadenciada é um esplendor e, aos poucos, as luzes vão aparecendo, desde que o leitor dê sua contribuição.


(Jornal Opção)


imagem retirada da internet: julien freud

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