A primeira chuva é da natureza
que do céu provém
e cai em voo livre
cada gota um pássaro de água.
A segunda chuva
pode ser a ducha
que desaba artificial
torrente e fabricada
um chuva particular.
A terceira não é chuva
são pingos que dos olhos despencam,
em vez de escalar montanha
escorregam pelas encostas do rosto,
são poucas, sem asas,
gotas de chuva do choro,
uma chuva íntima,
tempestade miúda
a devastar o campo
de outro rosto:
a outra face do homem
o céu nebuloso que dentro traz.
(do livro O difícil exercício das cinzas. Rio: 7Letras, 2014)
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