A cidade lambe sua ferida
enquanto se mumifica na seca.
Úmido de meus humores,
caminho neste deserto
onde nenhuma paixão orvalha.
A angústia de quem é vivo
– os pés já não dão frutos,
o tronco desempinado,
as folhas secas das mãos.
A seca reinventa a fisiologia,
evaporo minhas asperezas.
Os pássaros bicam a claridade,
o branco que tudo empalha.
(Eterno passageiro, 2004)
imagem retirada da internet: lagoa seca by ricardo grimm
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