O calor tampa a garrafa do corpo.
Uma freada de ônibus
range o tempo
como uma porta empenada.
Hordas de vento úmido
pintam as paredes amolecidas.
Os minutos, presos nas grades
dos prédios, enferrujam
à lentidão do cozimento.
Ainda nos lembraremos
que nada se renova.
Só os prudentes
insistem em passear a esperança,
lobo preso à coleira,
até que ela morda o próprio dono.
(do livro O difícil exercício das cinzas. Rio: 7Letras, 2014)
foto: sverrir thorolfsson
Nenhum comentário:
Postar um comentário