Perguntei a Setembro por que ele era um mês triste.
E ele me respondeu que Fevereiro
tampouco é fanfarrão e antiescolástico,
pois se aqui é carnaval,
há seis meses de noite no norte do mundo,
que é uma árvore que parte do ano planta bananeira.
E ainda me disse Setembro:
os homens são meses, alegres ou tristes,
cumprindo o calendário das soturnidades,
faça domingo, faça dia de semana,
feriado do corpo ou útil da alma.
Assim Setembro se retirou,
como soe acontecer com os meses,
e fiquei pasmo a mirar folhinha apática e muda
até quando Outubro surgiu túrgido e obeso
e cuspiu a exasperante interrogação sobre males e descampados.
(do livro O difícil exercício das cinzas. Rio: 7Letras, 2014)
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