Nascer foi uma guerra,
com sangue, suor e lágrimas.
A porta da rua
– minha fronteira –
faz de casa minha pátria.
Fora dela , vivo na ilegalidade.
Ao fim do dia, me tranco
no meu campo de refugiado.
Sei, contudo, que só estarei
em total privacidade na morte.
Estou farto de revistar
minha alma clandestina.
Me contrabandeio
cada vez que passo
na aduana da rotina.
Tenho medo de que não carimbem
o visto de entrada na vida.
Amanhã lerei o jornal
– dossiê das violências –
que não traz o nada consta
da minha vazia existência.
(Memória dos porcos. Rio: 7Letras, 2012)
(foto: hreinn friöfinnsson)
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