quarta-feira, 6 de julho de 2022

O lobo do homem, poema RCF


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A mirada dos lobos
logo ao nascer do dia
entranha nos apartamentos 
e nas frinchas 
do lôbrego
Provoca o caos no desjejum
Argamassa
o largo passo dos dolentes
infringe ao pensamento
a lonjura das ambições
Faz das lâminas de barbear
o corte seco do sol
ao varrer do rosto do dia
o resto de noite

Do meu jardim
vejo uma construção austríaca
e digo a mim mesmo:
aqui é minha Viena
Os passos medidos do mundo
se alargam
nas avenidas licenciosas
abertas ao desvario
trotoir de carros vagamundos
super-homens de ferro e
suas quatro patas emborrachadas
de cimento e medo
Corta-se o pão
em pedaços miúdos
e esta é a hóstia
dos que não se confessam
ao sair para o pecado do dia




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