Tu me falavas
de futuros indecifráveis
que se podiam ler
no giroscópio das luas.
Sussurravas tuas queixas redondas,
grávidas de lamentos,
as mãos longas das esperas,
os olhos como pedras
que aguardam sem agitar-se.
A incerteza dos ventos
criava comboios negros
nas noites em claro e escuro
do quarto de concentração,
das febres que são mais altas
quando não queimam.
(do livro Matadouro de Vozes, 2019)
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