segunda-feira, 14 de março de 2022

Caderno, poema RCF




 










Difícil escrever 
em tempo de cinzas 
o caderno de folhas secas.
É outono, 
o chão coalhado de pontos finais.

Os galhos magrelinhos 
esticam seus braços 
rabiscando o caderno sem pauta.

Da boca de lobo 
escorrem minhas notas 
ao pé da vida.

Um diário só vale a pena 
se não falar de hoje.






(Matadouro de vozes, 2018)

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