sábado, 25 de abril de 2020

Búfalo sobre plantação, poema RCF




 A incrível e surreal arte de Rafal Olbinski







Meu cérebro dói de tanta esperança.
Meu corpo bate lúcido
e minhas pernas desvairam.
Mosteiros que são sonhos
se encostam na aurora.
Paredes milenares do homem 
impedem o livre trânsito
de mercadorias, alegrias 
e mágicas pueris, amamentadas
pelo leite virginal dos inícios.

Nenhuma ilusão é de ótica, 
toda ilusão é dos nervos
que são estrábicos
e trazem as cataratas
para inundar de água 
o parco espaço de caimento
e a cachoeira das águas passadas
que movem o moinho das desventuras.



(do livro Matadouro de vozes. Rio: 7Letras, 2018)





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