Meu cérebro dói de tanta esperança.
Meu corpo bate lúcido
e minhas pernas desvairam.
Mosteiros que são sonhos
se encostam na aurora.
Paredes milenares do homem
impedem o livre trânsito
de mercadorias, alegrias
e mágicas pueris, amamentadas
pelo leite virginal dos inícios.
Nenhuma ilusão é de ótica,
toda ilusão é dos nervos
que são estrábicos
e trazem as cataratas
para inundar de água
o parco espaço de caimento
e a cachoeira das águas passadas
que movem o moinho das desventuras.
(do livro Matadouro de vozes. Rio: 7Letras, 2018)
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