Não sinto a pulsação dos muros,
a umidade das horas.
Não sinto minhas pernas,
erguidas pelo mistério
dos anos.
Não sinto as veias abertas
de nenhum corte de gás no pulso.
Não mergulho mais
na liquidez dos bares.
O dia amortece solene
a cobiça do tempo
com seu passo de marcha militar
e morbidez das poças.
(do livro Matadouro de vozes. Rio: 7Letras, 2018)
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