Lasar Segall |
Há cinco anos que não te ouço mais
embora continues a falar nos interstícios
do morse do cotidiano
que pontilha aqui e ali o staccato de passos.
Que voz é essa,
de outro macerado tempo,
que rompe os diques,
encharca a terra com sementes úmidas?
Que voz, sopranista voz, me assalta
os ouvidos da renúncia,
a taciturna travessia intramuros?
Limbos nascem nos pés das árvores
e brotam nuvens de alvoroço.
(do livro Matadouro de vozes, 2018)
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