domingo, 4 de abril de 2021

Diálogos, poema de Matadouro de vozes

 


 

 

Conversarei com o tempo

que tem língua solta.

Dialogarei com os mortos

que têm a língua presa.

 

Buscarei as mãos

que falam pelos cotovelos.

Alimentarei a conversa

com os doentes

que têm papas na língua.

 

E, se ninguém me ouvir,

falarei aos ventos

que, como rádio,

falam sozinhos.




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