O tempo com suas quatro patas de caranguejo
não pode andar para trás e para o lado
como nos sonhos? Os homens e sua imensa
perda de equilíbrio por onde se acercam
ao salitre das chaves moribundas,
escondidas da lucidez,
para que não nos envergonhe
de guardar no bolso de lamúrias
a fechadura do inconsciente.
Difícil mergulhar no arrecife de coral no
meio da insônia.
Os pássaros noturnos
têm hábito de negrume.
Todo monumento
uma estátua em homenagem ao fim.
As cidades são cemitérios
e os monumentos enormes lápides.
Visitar os landmarks dos lugares
e trazê-los na retina dos álbuns,
miniatura de vida, um souvenir barato
e que descasca, a remexer-se na penúria
da pequenez quando se alarga
e aumenta a prisão ao ar livre dos
náufragos.
Volta o caranguejo do câncer
que decidiu submergir
na lama dos arquivos mortos.
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