quinta-feira, 16 de junho de 2022

O papel de cada um, poema de Matadouro de Vozes

 


 

 


 

 

 

Nem todo papel

tem o mesmo peso.

Os papéis do divórcio

têm a gramatura descabelada.

O quilo do atestado de óbito

é áspero e melancólico.

 

A saliva da máquina me azeita.

Guardo a fome na despensa.

A roda do desejo ainda me saliva.

 

A largura do mínimo.

Trago minhas opiniões,

evaporo minhas ideais,

e o que me resta são cinzas.

 

Minha pele, o papel do meu corpo,

se destitui do tempo.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário