Os rios
como carneiros de água
caminham para o matadouro
salgado do mar.
Algumas vezes,
o bicho maior
espuma suas garras
e invade o ninho doce.
Há luto, revolto
e o que era manso
se revolta e luta.
A boca do mar
baba sua ferocidade
grande e humilha
a docilidade
em seu pasto marrom
de lãzinhas apascentadas.
Mas o pequeno
insurge-se contra a boca
monstruosa
que tudo agita,
domina e oprime
e, na luta desigual,
empurra o invasor
que recua
e se urina, borbulhante,
salgado
e entra em cólica
que é sua forma
de desconfiança.
Poderia ver a luta
do Bem e do Mal,
de David e Golias,
do capital e trabalho,
o sim e o não,
o dia e a noite,
se não fosse
o que em mim rumina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário