quinta-feira, 7 de março de 2024

O acre negócio de viver, poema

 







 

 

 

 

 

Este ano melhorei minha safra;

em outros, me avinagrei.

Então vem o malefício da dúvida

e daninha a semeadura.

Ando por aí fora de época,

no acre negócio de viver.

Depois pondero: nada a reclamar.

Me irrigo,

as palavras sem caroço,

ainda me colho.

Cantarolo solo árido

e brotam filhos na colheita.

A cada semana podo minhas unhas

e a cada mês os cabelos.

Sempre estou de muda.

 

 

 

 (A invenção do passado. Rio: 7Letras, 2022.)


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