domingo, 11 de fevereiro de 2024

A inquietude, poema

 




 

 

 

 

 

A inquietude se hospeda

em quartos separados entre ímpares

que não tenham pares.

Hospedo vários sentimentos

na mesma habitação

registrada no livro das horas.

 

O check-in começa

logo ao acordar

e não dou baixa

de ser meu hospedeiro.

 

O serviço de quarto

não atende à voracidade

da imaginação passageira.

 

Há uma piscina

onde nadam desejos submarinos

em meio ao cômodo.

 

De vez em quando,

a banheira submerge

os incômodos do not disturb.

 

Todos têm o mesmo abajur lilás

e o leito ambulatório

do hospital dos intermitentes.

 

Os mais jovens saem mais secos

pelos líquidos que deixaram impressos

na folha de algodão.

 

Famílias se burburinham

na farândola da vacância.

E homens de negócio

investem seu tempo

no memorial das horas tortas.

 

Todos os corredores são lentos

e enganam os sentidos.

 





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