quarta-feira, 17 de julho de 2024

Almoxarifado das almas, poema

 


 

 

Guido Viaro

 

 

O poeta é um almoxarife

que vai pegar nas prateleiras

de vozes

as resmas do presente,

os acumulados do tempo

e as dúzias de sentimento

para escrever

os versos na tinta dolorida

das ideias ainda em forma

de caixas atrás de uma porta invisível.

 

Depois virá a manhã,

que é outro almoxarifado

de vertigens,

onde estão armazenadas

as caixas de pandora

que são a vida de cada um.

 

E virá a noite

que mantém as luzes das perdas

acesas no quarto vazio

em que se transformou o coração vadio

e faz da imaginação

um almoxarifado

de rostos desfeitos

pela bruma do remorso

ou pela miséria da razão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário