quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Tempestade em copo d’água, poema

 


 


 

 

 

 

Escorrem pelas comissuras

a colheita dos ventos.

Não sei pronunciar

a palavra morte

que é um copo cheio de nada.

 

Chove a cântaros

numa taça de vinho

e ventos furiosos

espumam

as marés das cervejas.

 

Os copos gelados

são icebergs à deriva das bocas

– os corpos quentes

são lavas

na montanha dos homens

e vertigem

no abismo das mulheres.

 

Há muitos copos

na tempestade.

E meus lábios

beijam a boca da noite.

 

 

 

 

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