quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Batedeira, poemap

 

 

 


 

 

 

O imenso ventre roliço de ferro,

a batedeira cujas entranhas

são feitas de pedra e cimento,

ainda moles,

no gestar do ato,

no desenho futuro da casa fixa,

este gesto não é ainda

o gesto de viver.

Logo virá a casa

feita de casas

que se chama edifício.

Existirão outras batedeiras

e as janelas

construídas nas falésias.

A casa grande

se encherá de portas

como um grande útero

com casas geminadas.

E então haverá moradores:

desejo de abismo,

vertigens de paredes e ânsia:

a imensa batedeira da vida.

 

 

 

 

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