segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Quaresmeira, poema

 



 

 

 

 

Meus braços

 – que são meus galhos –

se cristam no dia a dia

que é a via-crúcis de todos nós.

Meus dedos

– que são as flores da minha mão –

embrutecem no calvário das esperas.

Tudo o que tinha de religioso

se despetalou

no martírio de existir sem poesia.

A poesia me dá

Deus e o Diabo

mas não a terra prometida.

Voltarei a vicejar

ano que vem

quando a quaresmeira

do meu corpo

me florir de desejos

de ressurreição.

 

 

 

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