segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Osso, poema

Fernando Botero | Fumador de Cigarrillos | Compra en Composition Gallery

 


 

 O que gosto do osso

é seu recato.

Somente em situação

de alarde surge um grito branco.

Ele diminui em pé,

cansado da moleza da carne

– a carne gosta de alaridos –

enquanto a máquina do corpo

funciona a plena deglutição.

 

Os amores,

que aparentemente

pertencem à carne,

encontram no osso a sua dor.

O coração,

para ser uma boa máquina,

deveria funcionar a pleno osso.

Um homem desgostoso

é uma anomalia:

está tomado por cotovelos e suas dores.

Os ossos se avolumam na noite;

em certas ocasiões,

viver é um caso de fratura exposta.

 

 

 

 

 

 

 

 

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