Sou apenas um
homem
e um homem é
muito pouco.Quando era pequeno pensava
que a felicidade pertencia aos adultos.
Ou se desenvolvia como seios em moças
e pelos em rapazes.
Vivo nesta
sombra de 40 graus.
Em mim, há sombras
tão quentes como me expor ao sol.
Que sombras projeto,
que grau de temperatura
têm minhas sombras?
O que me torna forte
é sucumbir às minhas fraquezas.
Sou uma sombra
do que projetei para minha vida:
sem profundidade, apenas silhueta,
sombra de sombra que me escurece
e me achata no chão ou muro,
onde me espicho
ou impedem a minha passagem.
Forma de existir apenas como espectro.
À noite, a sombra sai dos meus olhos
e se prega em volta de tudo:
em algum canto
desafinarei minha sorte.
(do livro Memória dos porcos. Rio: 7Letras, 2012)
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