As cordas do redemoinho
sobem ao céu
tranças loucas
feito peão.
O lobo é o diabo do cordeiro
o capitão do seu sargento
o cachorro do gato
o inspetor do transgressor
na ciranda dos diabos e dos pobres
todos somos pobres diabos.
Os caboclos mascam fumo
sentam-se nas calçadas
das cidades do interior.
Os caboclos são pobres diabos.
No morse dos olhares
a cidade se move
e os bondes rangendo
os dentes
em São Francisco
ou Santa Tereza
são pobres diabos de ferro.
O diabo é que o rico
é diabo mas não é pobre.
E se tem um diabo
para o diabo rico
– que o pode fazer pobre diabo –
é a sua consciência,
seu espírito atormentado,
que empobrece o diabo rico
e o torna um pobre diabo.
(Estrangeiro, 1997)
imagem: sverrir thorolfsson
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