O sol mancha as árvores
com suas sombras longas.
A natureza se espreguiça
com seus braços de galhos.
Nada é fixo e tudo muda.
Queria ser ligeiro
como um dia após o outro,
mas consigo apenas
andar ao longo dos meses,
que são paquidermes do tempo,
embora, ao fim e ao cabo,
percebo a metamorfose:
foi apenas uma andorinha
e seu verão que rápido alçaram voo.
E então sinto que passo feito sombra:
intermitente, incorpóreo e obscuro.
(do livro O difícil exercício das cinzas. Rio: 7Letras, 2014)
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