Os ares são vários
e subsistem à fúria
dos mandos e, vira e mexe,
são tornados em mansos
ou solipcistas, rodam em torno
de si, como loucos que são gira.
Só necessito de outros ares,
embora desconheça
onde se encontram,
pois um ar europeu
tem a mesma densidade e amargura,
a mesma textura desatinada
e a mania que os ares têm
de uivarem como lobos.
Os ares viajam mundo,
desconhecem a fronteira do mal
e nos oprimem com sua dança flamenca.
Todo homem deveria produzir seu próprio
e devastado redemoinho.
Os pulmões fracos me inspiram o fim
e a vontade que me expele do mundo.
(do livro Matadouro de vozes. Rio: 7Letras, 2018)
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