sexta-feira, 22 de abril de 2022

Museu , poema RCF



Museu Rodin - philadelphia - Sofitel
Rodin. O beijo


As esculturas 
exibem os músculos da eternidade, 
as vísceras de bronze, 
os gestos de ferro.

É uma fotografia com relevo, 
a taxidermia dos indiferentes.

Ao contrário, 
temos a dramaturgia 
do fim, 
a horizontalidade do precário, 
a exibição rude, 
a plástica dos velórios, 
no museu subterrâneo dos cemitérios.

Há outra versão: 
pensemos que somos estátuas moventes 
e que cada ato 
é uma pose para a efemeridade 
dos atos humanos 
na plástica dos encontros 
e no cinzel das horas. 




(do livro Matadouro de vozes, 2018)


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