O
cavalo,
com seus músculos
de
corda,
relincha
ao
pardo couro
do
pasto queimado.
A
melhor cocheira
é o prado
onde a imensidão
limita
Com os
horizontes.
O cavalo
se apóia nas patas
e
na hipótese
- o olhar gordo do
cavalo
averigua o relógio do
tempo:
lento é o
riacho
rápido é o
vento.
Eis
que volto à fazenda
e em vez de cavalo
encontro um guindaste:
as
patas de lagarta
e
o corpo de ferro.
O animal guindaste
suspende
de uma vala
o animal cavalo
que nela – vala – caiu.
Suspenso,
o potro é
voador
com suas
asas de couro e pano.
O
bicho assim
é um bicho fora do seu
habitat
não pertence ao gênero
da terra
não é marinho,
mínimo,
mas
aéreo,
cavalo Mobil Oil
como
nos letreiros
da
Texaco Company.
De
cabo a raso
o cavalo é um soldado
na infantaria de seu
dono.
Nada comanda,
nem
mesmo seu corpo.
Aprendeu
na
caserna da fazenda
a
disciplina,
o
mando
e
a marcha.
O freio
repuxa o
instinto.
O relincho é um guincho
e
essa indiferença de
sentinela
é apenas a tristeza
do
bicho
na
tropa humana.
O
cavalo
– matutino –
escova suas crinas
no pente do vento.
Quem inventou o cavalo
– besta de
carga –
não foi a
natureza e seu lombo
nem mesmo o
furor
utilitário
a essência
nervosa da
alma
que prova
mas o gosto
humano
de
servir-se do outro.
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