segunda-feira, 17 de junho de 2024

As águas da revolta

 


 

 


 

 

 

Tenho medo das águas rugidoras

que cumprem outro papel

que não o de caminho.

Um oceano

é um rio sem margens.

Sempre me afogo nos pesadelos,

há bocas que me engolem,

correntezas

que me puxam pelos cabelos.

Se sereias existem,

elas menos me seduzem

que me apavoram.

A gente vai vivendo

espumando de raiva,

agarrados a uma rocha precária,

anfíbios

entre o tédio terrestre

e as profundezas

revoltas do amor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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