sábado, 23 de agosto de 2025

Chuva, poema

 


 


 

 




 

A garoa continua

a molhar a inconstância

dos meus passos.

Em algum momento,

esqueci do malogro

das chuvas de verão:

uma febre de águas turvas e ligeiras.

Chega uma idade

em que as inundações

são temporais:

pertencem à juventude das opiniões.

 

Chegou a hora

de a chuva fina dos nervos

causar danos como um fio

desencapado na tomada dos anos.

Meu cúmulo nimbo

é a permanente tempestade

dos sentidos que nublam

o raio da insensatez.

Tudo o que é torrencial

me pertence.

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário