domingo, 10 de março de 2019

Variações sobre a sombra-2, poema RCF


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A sombra e seu exército


O cabo da penúria
que nos exercita nas barras da noite.
A hierarquia de nuanças,
a divisa de penumbras,
a artilharia de chumbo grosso dos pesadelos.

A sombra impõe sua marcha
feita de claro e escuro
e a companhia de si mesmo
que é a reprodução chapada
e sob os pés
da escuridão de nós mesmos.
O espelho de silhuetas
a refletir o perfil do acaso.

Depois, há um batalhão de equívocos,
a caserna de escusas e negaças,
o aquartelamento dos sentimentos
e o acampar de esconderijos.

Aqui nada escapa à patente das máculas,
tudo se curva à tropa dos desvios
e aos poucos se diluem
as inúteis trincheiras de luz.



(O difícil exercício das cinzas, 2014)

Um comentário:

  1. Havemos de resistir às trevas e inventar novos caminhos, frestras, pingos de luz rasgando os céus rumo às estrelas.

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