Aqui eu sou um pastor de luas
acompanho o crescer e o minguar de todas
sei as que a noite escolhe
para o seu alimento de poesia
e as que fornecem o mais puro leite de sonho
O que bebo de lua todas as vezes
dá para minha embriaguez mensal
Aqui o silêncio é história visível
porque o luar se faz memória branca
sobre o quanto de vida cabemos nós
em meses
As luas contam meus dias
medem meu tempo
marcam todas as fases
de minha solidão
O silêncio é maior quando elas o banham
e ele parece entrar limpo pelos olhos
como uma verdade posta no ar
para explicar a noite
As luas são muitas porque
nenhuma lua é a mesma lua
quando volta a sua face
para as coisas do mundo
(trecho interrompido do longo poema - todo um livro - com uma só temática em que o pano de fundo é a cidade de São Luís. José Chagas é um dos grandes poetas brasileiros e seu livro Os Canhões do Silêncio, uma obra-prima da literatura brasileira.)
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