domingo, 31 de março de 2024

Gato, poema

 


 

 


 

 

 

O gato passeia em mim

suas garras de retorcido tédio.

Mia suas desavenças

com o corpo dúctil

das dificuldades da espécie.

Ora está no parapeito

da queda

– muitos de nós nos

acostumamos ao abismo –

ora se aquece

no labirinto do seu

casaco de pelos.

 

Com seus olhos de caçador,

se cobrem de escuridão

para se esgueirar

do sono, das sombras e do instante.

Quatro patas ejetam

a mola do corpo para fugir

do cão da morte

ou para se espantar

do susto da vida.

 

 

 

 

 

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