e não consigo subir.
O dia tem ventos ásperos
e rompo a avenida
com a cunha do carro.
Dentro de mim trago
outras cunhas e asperezas:
o tecido grosseiro da dissensão,
a retina aguda do equívoco
que vê invertido
e não há cérebro
que me ponha em pé.
É um dia à deriva
sem o porto do trabalho
ou o motor da família.
No caminho da fila
das nuvens indecisas,
faço das horas pardas
– não há cor
nos olhos da manhã –
meu ritmo e meu voo:
o ritmo das veias desertas
e o voo vazante
das imaginações afogadas.
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